sábado, 27 de setembro de 2014

É de Júpiter.

sábio foi alguém que uma vez disse
que a liberdade também aprisiona
porque o ser humano
está preso em sua própria inércia
e por mais que se ache livre,
toda vez que estiver frente
a mais de uma opção
se corroerá na (in)decisão

eu posso enumerar
todas as coisas
que pensei que podia ser:
achava, aos quatro,
que tocaria violão aos quinze.
com cinco, analfabeta
pensei que um dia leria
todos os livros da biblioteca da minha escola
e seis anos depois, achava que aos vinte,
que nem rimbaud,
já teria escrito duas das minhas obras primas.

é bem verdade
que nada me impediu
mas é que o século XXI me convenceu
que falta tempo.

(uma vez, te disseram:
a mim, só falta você
um disco, uma tevê)

eu queria é ser de júpiter
não conhecer as palavras, os discos
nem você.
queria ser de júpiter
aquele furacão famoso que dá pra ver da superfície
a 10 mil anos-luz
queria ser de júpiter
ser tempestuoso e ainda assim atrair até luas;
queria ser de júpiter
ser conhecida
e não conhecer.

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