sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Obsidianas IV

feliz natal.

Teu nome soa e ressoa
é difícil pronunciá-lo
até hoje eu só uso adjetivos
e pronomes pra me referir a você

eu não sei exatamente
mas as cinzas ao vento
e a falta de um lugar em casa
a falta do quarto copo
do quarto prato
do outro quarto
de responder três 
ao invés de quatro 
para "mesa pra quantos?"
me arrancam pedacinhos
aos pouquinhos. 

em memória
que memória? 
vejo sorrisos em fotos
relembro histórias
manias
dúvidas
mas o som da tua voz
ao longe parece que esvai
eu vejo os olhos para tentar
ouvir mais alto
mas parece que tá indo embora.

não tem gerúndio.
não houve morrendo.
apenas a ação consumada
a colher no chão
a pele cada vez mais
fria. 

a tua ausência
é uma das coisas mais 
presentes que já senti
e a tua existência
foi o melhor presente
que recebi. 

(desculpa se parece que escrevo com pesar
mas é só com alegria e saudade
que eu falo de você:
então não confunda textos sobre saudade
com os que escrevo sobre ti)