quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Obsidianas III

quando me deparo
com a impossibilidade de
me imaginar  com 40 anos
e você um pouco mais novo
a porrada




vem






meu maior medo é esquecer tua voz.
tua gargalhada.








eu ainda lembro que teus olhos não fecharam
na última vez que te vi.






você me viu?






me perdoa
prometi não chorar
mas tem dia que é
simplesmente
humanamente
impossível.






te amo.






eu ainda lembro do
barulho da colher despencando
da tua mão no corredor
os gritos





mas não consigo lembrar
da tua voz.

Falando nisso.

é tão estranho
tratar-se para doenças
crônicas
pois crônica
era algo que eu sempre
quis saber escrever
quando eu lia a veja rio
aos 10
e achava que ser
"escritora de revista"
um máximo
no máximo estou eu
em volume
em temperatura
em intensidade
é como um cabo
que resiste à tensão
e desafia as leis da física
sem se romper
rompo, transbordo
prefiro ser
do que não
prefiro sentir
a me entorpercer
com as drogas da moda
mas que droga
o telefone toca
podia ser você
você que me rouba beijos
até nos meus sonhos
na praça
entre as músicas
éramos tão reais
que nos tornamos
impossíveis.