chocolate. Água sanitária, não, foco, papel higiênico, massa, molho de
tomate, cadê aquele biscoitinho? São oito e cinquenta da noite, meus
olhos, meus braços, eles se embaralham com a cesta vermelha do mercado
caro. Começa a pesar, minhas pálpebras, meus ombros. Tô cansada,
são quase nove e eu acordo daqui a pouco. Filas qui lô me tri cas. Devolvi
um item a prateleira só para poder entrar no caixa de quinze voloumes.
Só quero sair daqui, não é normal banalizar jeff buckley na música
ambiente da lista de mês. Que ofensa, eu penso. Paro, boto a cesta no
chão e aí que te encontro. Te encontro. Alto, com seu óculos preto,
quadrado, cabelo ébano, bagunçado, camisa amarrotada. Derrotado pelo
dia, que nem eu. Mas vivo. Sua cesta acerta a minha no chão, como dois
estudantes que se esbarram na fila da cantina do ensino médio, acho
que deixei escapar um sorriso, que tonta. Você já até adivinha o que
eu queria pra hoje: um vinho, umas torradinhas e um queijinho. E
aquele chocolate ali? Você mexe os lábios conforme a música. Pressure,
pushing down on me, pushing down on you, no man ask for. Acho que é
amor. À primeira vista, à primeira compra. Roça mais essa cesta na
minha, meu amor. Acho que é de verdade, não é possível que estas
coisas só aconteçam nos filmes bocós. Imagina nossos filhos daqui a
quatro anos no balanço da casa da sua mãe. Aposto que puxaram teus
olhos. Começo a pegar minhas coisas na cesta e a moça do caixa puxa a
esteirinha. Um pacote de cenourinhas cai, você se abaixa, me entrega,
algo vibra. Acho que é teu celular. Você atende. As compras vão
terminando de passar, nosso tempo tá acabando, meu amor. "Alô", você
diz, "tô chegando", eu passo o cartão. "Fica tranquila, paixão, que eu não
demoro". Parcela esse amor aí, moça.
É ilusão. À perder de vista.
um item a prateleira só para poder entrar no caixa de quinze voloumes.
Só quero sair daqui, não é normal banalizar jeff buckley na música
ambiente da lista de mês. Que ofensa, eu penso. Paro, boto a cesta no
chão e aí que te encontro. Te encontro. Alto, com seu óculos preto,
quadrado, cabelo ébano, bagunçado, camisa amarrotada. Derrotado pelo
dia, que nem eu. Mas vivo. Sua cesta acerta a minha no chão, como dois
estudantes que se esbarram na fila da cantina do ensino médio, acho
que deixei escapar um sorriso, que tonta. Você já até adivinha o que
eu queria pra hoje: um vinho, umas torradinhas e um queijinho. E
aquele chocolate ali? Você mexe os lábios conforme a música. Pressure,
pushing down on me, pushing down on you, no man ask for. Acho que é
amor. À primeira vista, à primeira compra. Roça mais essa cesta na
minha, meu amor. Acho que é de verdade, não é possível que estas
coisas só aconteçam nos filmes bocós. Imagina nossos filhos daqui a
quatro anos no balanço da casa da sua mãe. Aposto que puxaram teus
olhos. Começo a pegar minhas coisas na cesta e a moça do caixa puxa a
esteirinha. Um pacote de cenourinhas cai, você se abaixa, me entrega,
algo vibra. Acho que é teu celular. Você atende. As compras vão
terminando de passar, nosso tempo tá acabando, meu amor. "Alô", você
diz, "tô chegando", eu passo o cartão. "Fica tranquila, paixão, que eu não
demoro". Parcela esse amor aí, moça.
É ilusão. À perder de vista.
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