No cartão postal que eu escrevi tinha um bando de palavra embaraçada e tinta borrada. Cartão postal é um negócio meio demodê. "Sinto sua falta, quando você volta, cadê você?" é o cúmulo do cúmulo do clichê. Não, meu cartão não tinha tantas rimas. Talvez, se tivesse, teria ecoado mais no coração que está do lado de lá do atlântico, no lado de cima do Equador, que mal se tocou.
Meu cartão postal era muito mais do que qualquer telefonema, qualquer mensagem de celular. Ele demonstrava que eu estava muito além do momento. O "eu te amo" valia por mais de duas semanas. A parte mais difícil de se estar longe não é não saber onde está, com quem está - mas é não saber o que será.
Quando eu escrevi aquele cartão postal, eu tinha visto um cd na mesma livraria-café que me lembrava o destinatário. Era um álbum velho, cantor dos anos 90, todo empoeirado. She was heartache from the moment that you met her. Meu amor cresceu ouvindo os acordes daquele cd… it goes like this, the fourth, the fifth… e teve seus altos e baixos, the minor fall and the major lift, e nada foi o mesmo de novo.
Meus amores se foram que nem vendaval. Apareceram e sumiram que nem a última canção da moda. A maioria dos meus cartões postais se perderam no meio do caminho, que nem aquela ligação que tardou tanto, tanto, que chegou tarde demais. Não recebi nenhum cartão de volta, tal e qual a ligação que eu tanto esperei. Noites são longas, mas a vida não.
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