segunda-feira, 29 de outubro de 2018

medos.

a janela do meu quarto proclama o futuro com o jornal da semana passada. me dá um pouco de medo porque o horizonte é um pouco turvo, um tanto quanto confuso e assustador. não tem a ver com cortinas ou com nuvens. os jornais gritam manchetes que não gostaríamos de ler. dói votar em governantes em perpetuam sistemáticos mecanismos de corrupção, mas é pior ainda ver tamanha parcela dos que vivem sob as mesmas condições - em tese estudam a mesma história, leem os mesmos jornais - apoiar valores tão conturbados, tão contraditórios, tão desumanos.

enquanto a vida se encarrega de fazer a noite chegar, o amanhã parece um tanto quanto longe. há muito a se fazer e poucas horas para tal. o coração fica menor do que nosso punho, ao alto, levantado, apertado, angustiado, ansioso. é preciso transformação. uma metamorfose mais rápida do que a das lagartas. mas dizem que o dia raia e as coisas se ajeitam. admiro quem tem paciência para que as coisas sejam ajeitadas. eu preciso me levantar. preciso levantar a minha voz. preciso dizer que existo, que sinto.

as primeiras cigarras anunciam a chegada do verão. quero que o tempo cure as minhas dores - mas tenho medo que ele passe rápido demais. as mulheres da minha vida estão sentindo o peso da idade. me pergunto se não enlouqueço sem elas aqui. espero que quando os raios de sol em dezembro tocaram minha pele, meu coração já esteja abraçado com uma paz novamente. mesmo que eu duvide dela como sempre passo.

é preciso ficar bem. é preciso resistir aos medos. é preciso resistir àqueles que insistem em propagar o ruim. é preciso estar alerta. é preciso estar forte. é preciso seguir. mesmo que o amanhã assuste. mesmo que o coração aperte. é preciso seguir.

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