sábado, 5 de março de 2016

Aranhas.

esses dias joguei um casaco que eu tinha desde 2007 fora. da polo, cinza, rasgado, foi-se junto com a minha camisola verde favorita. eu não sei direito como essas coisas ficaram no meu armário tanto tempo. quando enfiei as peças na sacola, pensei em todos que os tocaram enquanto os vestia. não lembro de todos, provavelmente. eu usei aquele casaco para ir pra escola uma época. faz tempo. também usei para secar lágrimas do meu segundo-primeiro amor. tem coisas tão importantes que se foram tão fácil. agora eu tenho um cachorro. quando eu tinha sete anos meu maior medo eram aranhas e cachorro. eles me cercavam quando ia à pé pra escola. não entendia porque os portugueses abandonavam seus melhores amigos no verão. agora eu sei que seres humanos abandonam quem for quando bem lhes convém. junto com a camisola verde perdi o preconceito e passei a gostar mais do que toca na rádio. afinal, como é que backstreet boys se tornou um clássico? agora eu acordo, tomo banho, vou pro trabalho, volto, como, vou dormir. e não é mais vazio lá dentro. alguma coisa me completou, eu não sei se foram as músicas, as séries, os filmes, a lambida do tom sábado a tarde ou a certeza de que a vida ainda tá para acontecer, mesmo que agora pareça que a gente tenha que saber de tudo. sem ter dado tempo de ter processado alguma coisa. os telefones do escritório tocam. 23 emails não lidos. tá tudo funcionando.

acho que não cresci tanto assim porque ainda tenho medo de aranhas.

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