domingo, 31 de maio de 2015

Obsidianas II.

meu amor
que saudade assistir
o flamengo perdendo todos aqueles gols
domingo à tarde

que saudade de ouvir
só mais uma coisinha
rapidinho
antes de fisgar
mais uma fatia de salame

hoje não é uma data festiva
mas a gente ia comer lá no alemão
aqueles croquetes
e toda sua técnica exclusiva
de 100% de aproveitamento
(ao contrário do flamengo)

meu amor
que saudade de ouvir
você falando que o cristiano ronaldo
é melhor que o messi
tudo bem
você era novo
e tinha muito a aprender

meu amor
que saudade de ouvir você
com suas amigas ao telefone
e eu gritar, do lado,
como se tivesse a sua idade
sobre a sua mais nova paixão

meu amor
como me doi saber
que você não usou a capinha de gameboy
no celular
nem que você provou lábios alheios
nem foi da nasa
e nem se aposentou aos 40 pra virar
motorista de van

meu amor
como me doi ler
os eu te amos e os desenhos presos no mural
eu queria tatua-los por toda minha pele
só pra lembrar que seu amor era puro e pra sempre

neném,
se eu soubesse
eu teria aprendido a andar de skate
só pra te levar junto comigo

meu amor
na sexta-feira minha professora de espanhol perguntou:
"giulia, cuantos hermanos tienes"
e foi só silêncio
me desculpa,
não sei o que deu na minha cabeça

meu amor
são em domingos chuvosos que eu me pergunto
se a gente não podia ter aproveitado mais
os ensolarados.

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