eu nado com tubarões
eles parecem tão serenos e calmos
dançando pelas correntes marinhas
nem parece que podem
enfiar suas milhares de garras
na minha carne, em um mísero segundo
e a vida enfim
catapluf
se vai
nem parece que eles,
os tubarões, podem
me sufocar
o sangue se espalhando
nos tons mais bonitos de
vermelho
rubi, se esvai, como
uma fumaça
no meio do mar
azul
no fundo desconhecido
eu nado com tubarões
eles parecem tão inofensivos
mesmo de perto
eles vivem há 400 milhões de anos
nesta mesma terra que
a minha espécie tanto
maltrata
de inofensivos não têm nada
escolhem suas presas
de acordo com a necessidade
e não fazem mal, por assim dizer,
sem precisar
ao contrário de nós
a raça racional de todas
eu nado com tubarões e
mato um leão por dia
às vezes até mais do que um
não sei bem o porquê
minha excitação não
é porque almejo uma felicidade descabida
sequer a consigo imaginar
eu vivo matando um leão por dia
não sei bem até quando
sigo automaticamente.
as hienas vão rir de mim
no meu último respiro, suspiro,
eu talvez lembre
porque eu nadava com tubarões
e seguia ali
no meio dos leões